quarta-feira, 13 de maio de 2020
Mãe
Estou sem ar, tenho o pulmão pequenino.
Tenho 6 anos novamente e subo à tua cama, daquela altura é a única memória que tenho, não me deixaste ter mais que isso. Nunca tiveste doente aos meus olhos, tinha 6 anos e a única coisa que me lembro é que nessa altura havia dias que estavas cansada, não foram muitos, nem sequer os recordo.
Ser mãe é ser assim, é não deixar os nossos problemas da vida afectarem os nossos filhos, é lutar para que tenham uma boa vida e defende-los com unhas e dentes. Ser mãe é não esperar recompensa a não ser o amor, é não cobrar.
Tenho o coração apertado, está pequeno, e doi-lhe dar força ao resto do corpo. Tiraram-me o ar e ele teima em não entrar.
Estou sem ar, não compreendo as pessoas. Não compreendo a maldade. Ensinaste me demasiado bem, eu não consigo conceber a maldade, nem quero. Prefiro viver na ignorância.
Na minha ignorância, sou feliz.
A minha ignorância é selectiva e sou eu que a comando e controlo.
Eu deixo entrar a realidade quando acho que é necessário.
O meu coração doi-me, não estás aqui para me defender. Para gritar que não se faz o que se fez, que não se diz o que se disse, e principalmente, que não se é simplesmente assim.
Sinto a tua falta e não vais ler isto.
Não consigo falar no singular, ainda me sai ocasionalmente o plural quando o meu pensamento foge à realidade.
Estou com o pulmão pequenino e o coração também.
Toda eu sou pequena.
Não sou frágil...eu sei...mas estou pequena, demasiado pequena.
(imagem do google)
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Querida filha Ela não tinha dúvidas do teu amor. E leu esta tua mensagem tão pessoal e verdadeira
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