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quinta-feira, 20 de agosto de 2020

A nova realidade, as expectativas e a culpa


Desta vez não descansei, não contemplei. Desta vez não soube ao que costuma saber. Pensando bem acho que tem so a haver comigo, era eu que estava deslocada. Não estava bem ali, estava num limbo de culpa e expectativa que não me parece que ainda tenha saído dele.

Culpa por querer descansar, por querer fechar os olhos e estar quieta. Expectativa daquilo que não poderia haver, o normal. Já nada é normal.é tudo diferente, ligeiramente, mas diferente. O que pressupõe toda huma nova aprendizagem e eu por norma não adoro mudanças. Tudo é novo, tudo é difícil, tudo tem de ser vivido e revivido novamente numa nova constância, diferente.


Erro onde não costumo errar, deixo o que não costumo deixar e acima de tudo não faço o que costumo fazer.


Faltaram me os beijos, o carinho e o amor. Porque não realidade eu só queria fechar os olhos e desaparecer por um segundo. Ser só eu, pequena a ter atenção, ser só eu a ser tratada e mimada.


Desculpem, errei convosco, mas admiti o erro, agora é tempo de aprender e melhorar.


Não foi tudo difícil, houve conquistas grandes, houve liberdades conquistadas para todos. Houve uma ligação à terra mesmo no final que tinha faltado e que me serenou o espirito. Ainda assim doi me retornar, tudo é diferente e ainda n encontrei o caminho.

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Cozinhar sem ti..

Hokusai, o velho criador da onda mais icónica do mundo


Tenho saudades tuas.
Nunca pensei que me fizesses tanta falta.

Nunca pensei que o acto de cozinhar e sentar à mesa fosse daquelas acções que mais me custa.

A dor às vezes aparece com um tsunami que me inunda de tristeza. Outras, aprece gentilmente como uma sombra que me escurece. Ainda assim doi-me de qualquer maneira.

Choro quando corto cebola, e muitas vezes as cebolas são doces e novas, não fazem chorar. A polpa de tomate para o refogado também me lembra das nossas conversas ao lume.
Ao fim ao cabo, ensinaste-me tudo o que sei sobre cozinhar.

Lembro me bem de te pedir para ajudar...descascar alhos era a minha tarefa, ao contrário de mim, não gostavas de ter as mãos a cheirar a alho.

Foi demasiado rápido entre o ir e não ir. Demasiado para perceber rapidamente o que se passou, e só agora, percebo o vazio, esse que por vezes deixa-me totalmente desamparada, com raiva e numa tristeza que muitas vezes não tenho palavras.

Tão depressa como um tsunami entra também foge, e vai, só para aparecer numa outra altura sem se fazer esperar.

Acho que serve para devagarinho criar resistência, criar defesas...

Ainda assim...continuo turbulenta como uma tempestade.

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Mãe

A árvore do dinheiro , uma planta milagrosa - Loveamem

Estou sem ar, tenho o pulmão pequenino.
Tenho 6 anos novamente e subo à tua cama, daquela altura é a única memória que tenho, não me deixaste ter mais que isso. Nunca tiveste doente aos meus olhos, tinha 6 anos e a única coisa que me lembro é que nessa altura havia dias que estavas cansada, não foram muitos, nem sequer os recordo.
Ser mãe é ser assim, é não deixar os nossos problemas da vida afectarem os nossos filhos, é lutar para que tenham uma boa vida e defende-los com unhas e dentes. Ser mãe é não esperar recompensa a não ser o amor, é não cobrar.

Tenho o coração apertado, está pequeno, e doi-lhe dar força ao resto do corpo. Tiraram-me o ar e ele teima em não entrar.

Estou sem ar, não compreendo as pessoas. Não compreendo a maldade. Ensinaste me demasiado bem, eu não consigo conceber a maldade, nem quero. Prefiro viver na ignorância.

Na minha ignorância, sou feliz.

A minha ignorância é selectiva e sou eu que a comando e controlo.
Eu deixo entrar a realidade quando acho que é necessário.

O meu coração doi-me, não estás aqui para me defender. Para gritar que não se faz o que se fez, que não se diz o que se disse, e principalmente, que não se é simplesmente assim.

Sinto a tua falta e não vais ler isto.

Não consigo falar no singular, ainda me sai ocasionalmente o plural quando o meu pensamento foge à realidade.

Estou com o pulmão pequenino e o coração também.
Toda eu sou pequena.
Não sou frágil...eu sei...mas estou pequena, demasiado pequena.





(imagem do google)